Esta observação seria para a coluna “Olhando a Maré” de terça-feira que vem e que é editada no jornal Cruzeiro do Vale. Não será mais. Ela está completa. Não há mais espaço. “Sobrou”. Então eu a “estico” aqui no blog. Ela começava assim: leia esta e conclua você mesmo sobre este press release oficial. “Através de Ofício enviado à Polícia Militar, o vereador Melato solicita providências urgentes para acabar com os arrombamentos das vitrines de lojas, que virou uma constante, principalmente no centro da cidade.”
O presidente da Câmara de Vereadores de Gaspar, José Hilário Melato, PP, está surfando duplamente. Primeiro ele está tirando uma onda com os comerciantes; segundo, ele não tem que enviar ofício, tem que agir como vereador e fiscal da sua cidade que ele é. Se fosse assim, ele não seria surpreendido, como quase todos gasparenses foram, com a revelação da retenção de sete, repito, sete viaturas novas, no quartel da Polícia Militar, só porque elas têm multas para serem solvidas na burocracia do próprio Estado, como se descobriu na audiência pública sobre Segurança Pública e realizada na própria Câmara.
Estas sete viaturas, caro vereador Melato, fazem falta e podem estar facilitando os arrombamentos das vitrines das lojas que o senhor se refere no seu ofício. Ou seja, pode estar causando prejuízos aos seus possíveis eleitores e financiadores de sua campanha. Este é a origem do problema e deve-se combatê-lo. Ofícios são sintomas de ausência na solução. Esta é uma maré perigosa, para se fazer onda e surfar. Todos perdem, inclusive a Polícia e a credibilidade que ela deve ter perante a sociedade. Então chega de marolas com coisa tão séria e preocupante. Isso pode dar enjoos. Ofícios para lavar as mãos e transferir responsabilidades? Para que?
Reflita vereador Melato. Aquela audiência estava se conduzindo num ambiente de compadres até a interferência, sem interesses políticos ou partidários, do presidente da Acig – a Associação Empresarial de Gaspar -, Samir Buhatem. Nenhum político ou vereador quis enfrentar o Coronel Eliésio Rodrigues, comandante da PM em Santa Catarina e que veio com o relho a mão por tão “inoportuno”, digamos assim, questionamento feito sobre as enrolações e evidências do descaso da nossa Segurança. Como é que o senhor vai enfrentar essas embromações? Com ofícios, presidente? Precisamos de ações corajosas e decisivas, vereador. É o que esperam seus eleitores e os gasparenses.
Blumenau está fazendo a lição de casa. O governador Luís Henrique da Silveira, PMDB, ouvindo a Acib seguidamente pontuar erros que os subordinados do governador na área de segurança já deviam ter resolvidos, publicamente disse que viria esta semana a Blumenau, para ele próprio confrontar os dois lados e tomar decisões definitivas. Sugestão presidente. Reúna-se com os seus pares, com a CDL, com a Ampe, a Acig, o prefeito, os representantes do Ministério Público e da Justiça e apartidariamente vão a Blumenau falar com o governador para por também em pratos limpos este assunto para a nossa Gaspar. Afinal, o problema de segurança é regional e a solução, consequentemente, também é regional. E nós não podemos ficar de fora; nem fazer política partidária com algo tão caro para nós e muito menos enviar ofícios.
E para encerrar. Sabe aquela viatura que ainda está sob os escombros num rancho que desabou ao lado do quartel em Novembro do ano passado e que revelei aqui na coluna com exclusividade? Primeiro, o barro que soterrou o rancho e a viatura, sabe-se agora, é do terreno em que será a futura Delegacia de Polícia e cuja construção está prometida há mais de três anos (uma vergonha). Segundo, ninguém da PM falou nada oficialmente sobre o assunto. É assim que eles nos tratam, com descaso e sempre pedindo mais equipamentos e mais dinheiro para funcionar naquilo que é um dever do Estado e para o qual já carreamos pesados impostos. Terceiro. Extraoficialmente dizem que aquele carro já estava condenado e destinado ao leilão público. Ninguém sabe ao certo. Pior. Só não foi retirado de lá dos escombros até agora porque a Defesa Civil precisa vistoriar o local e emitir um laudo para permitir a ação de retirada.
Inacreditável. Um recorde: cinco meses de inanição. Isto explica também porque Gaspar está tão devagar nas soluções pós catástrofe e porque precisa de aumento de vencimento para o coordenador da Defesa Civil e cujo aumento está para ser aprovado na Câmara. Ou seja, não dá conta do recado e ainda ganha aumento no vencimento como prêmio. Coisas do mundo político, do faz de conta. Que tal uma moaratória de no mínimo cinco meses desta matéria na Câmara para compensar?
As viaturas paradas e a soterrada não aconteceriam, vereador, se houvesse um mecanismo legal compensatório, via a iniciativa da própria Câmara, por exemplo, em que equipamentos doados pela comunidade à Polícia Militar: se não usados ou mesmo em estado de sucata, revertessem para novo uso na comunidade, como o Conselho Tutelar, Casa Lar etc. Duvido que houvesse descaso com todos nós no trato deste assunto pela PM. E se houvesse, ainda assim, teríamos mecanismos legais compensatórios. Todos ganhariam.
Chega de ofícios e audiências de compadrios políticos e entre políticos. A bandidagem agradece.É preciso ações e soluções. As pessoas não aguentam mais tanta enrolação. Acorda Gaspar.
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