A tortura praticada a presos no presídio de São Pedro de Alcântara (cidada da primeira colônia alemã do Brasil), situada na Grande Florianópolis SC, e que as TV exibem sem cessar, é a prova acabada de como a segurança está frágil, decadente e sem rumo (como um todo e não apenas em Santa Catarina). Todavia, desde já lhes asseguro que isso não pode servir de desculpa alguma para a barbárie daqui. E não basta esclarecer e punir. É preciso mudar e repensar de forma radical o tema. O tempo se vai e rápido.
Por outro lado, não é de hoje o meu posicionamento firme de que na área de Segurança (não apenas em Santa Catarina, mas poderia se começar por aqui) não deveria haver a partidarização, como há, muito menos a desintegração entre as polícias Civil e Militar, e dentro delas, entre os seus próprios grupos de interesses (oficiais contra praças, delegados contra oficiais, agentes prisionais e delegados, sindicado de uma categoria contra o de outra etc).
Falta a profissionalização como o fundamento filosófico e prático para se alcancar os resultados.
Quem verdadeiramente perde com isso? O cidadão, a cidadã, o estado, a sociedade, as corporações envolvidas e os próprios políticos que patrocinam um estado frágil, exposto, dividido em facções legalmente constituídas mas que não buscam o resultado comum, determinado constitucionalmente em favor da sociedade. Pagamos e caro (com os impostos e o descaso), mas estamos ao pleno desamparo. Literalmente.
Está na hora de repensar tudo isso. Está na hora de reagir de forma pragmática, lúcida, atual e pensando no amanhã. Precismos urgente construirmos um novo legado. A segurança do cidadão é algo representativo e diferente nos dias de hoje. O comportamento e as exigências da sociedade mudaram (e muito); a repressão, seus métodos, suas estruturas (equipamentos e técnicas) e o modo de agir, não. A segurança como funciona, age e se estrutura é do tempo do Império ( e pela barbarie, medieval). Obedece a senhores de plantão. Não há planejamento, tecnicidade, cientificidade, atualização, resultados e reconhecimento.
Há grupos de interesses e pressões. Há a polícia do PT, do PP, do PMDB, do DEM, do PSDB, do PDT, do delegado tal, do coronel tal, do deputado tal, do líder tal, do sincato tal. Só não há a polícia do e para o cidadão e à cidadã. Até a CPI que se quer criar na Assembleia Legislativa de Santa Catarina é partidária, é do PT. Ela deveria ser do próprio governo, do governador, do seu vice, dos parlamentares; todos, sem excessão, e sem qualquer justificativa, deveriam abrir as portas, retirar os chefes envolvidos, inclusive o secretário de estado e esclarecer tudo em favor do cidadão, da cidadã, da cidadania e da sociedade.
Ademais, não importa quão terríveis são os criminosos torturados (esta é verdadeira expressão e dela não abdicarei). Eles estão cumprindo uma pena, legalmente imputada, e nela não está prevista a tortura. Se não houver a indignação, será muito fácil transferir, e até ampliar, a prática da tortura dos crimiosos apenados (ou não) para os adversários políticos, para os serviços de mando, para os inimigos como fazem os déspotas, os tiranos, os saguinários, os bandidos e os doentes de todas as patologias mentais.
É preciso repensar. É preciso coragem. É preciso romper. É preciso dar o primeiro passo. É preciso ser verdadeiramente líder. É preciso ter visão e ser um estadista. E esta coragem começa com a unificação das polícias, com as definições claras que incluem romper a influência política e a despartidarização, os jeitinhos de promoções, de deslocamentos regionais e de aparinhamentos. Chega de políticas partidárias nos quartéis, nas delegacias, nos presídios e nos gabinetes do poder.
Está na hora de se reconhecer os melhores, de proteger e livrar a corporação da corrupção; de se livrar dos incapazes, dos incompetententes, dos malandros, dos que usam a instituição para a promoção e a tortura (até como escape), bem como dos que da fazem segurança, um trampolim político, um campo de votos, um desrespeito à hierarquia, um campo de batalha, de intimidação, chantagem e poder, quando deveriam estar a serviço da segurança da sociedade.
Este filme que apareceu na tv depois de mais de um ano dele feito, é o retrato acabado da situação de miséria do sistema de justiça, cidadania e segurança. Ele foi usado como chantagem. Guardado para a hora própria (e se não houvesse essa hora própria nem saberíamos dele e das barbáries). Criminoso é quem filmou e o guardou por tanto tempo. Quantos desses filmes estão escondidos para serem usados em “momentos próprios?” Acordem.
É uma vergonha. Estamos expostos. Estamos desamparados. Estamos sem perspectivas. Está na hora de mudar. E radicalmente no modo de pensar e agir, incluindo o de nos livrar dos partidos políticos e políticos na Segurança. Isto é para profissionais capacitados e sob avaliação constante nos resultados.
Filed under: blog herculano, coluna do herculano, comentários políticos, cruzeiro do vale, herculano domicio, jornal cruzeiro, notícias de Gaspar, Olhando a Maré | Tagged: a política e os partidos nas polícias as tornam frágeis no resultado técnico para a sociedade, Segurança de SC sob suspeita expõe a sua fragilidade, Tortura em presidio catarinense pode gerar uma CPI | Leave a comment »