A edição deste domingo do jornal Folha de S.Paulo “surpreendeu” o mundo político e os eleitores catarinenses. Segundo a pesquisa do acreditado Datafolha, a deputada e ex-prefeita de Florianópolis Ângela Amim, PP, nas três simulações feitas é a primeira na corrida para ser governadora em 2010. A festejada aniversariante (18.03 e comemorada no sábado) senadora Ideli Salvati, PT, apareceu em segundo – e longe – em duas simulações com Pinho Moreira, PMDB e Leonel Pavan, PSDB, este empatado. Na terceira simulação, Ideli nem chegaria ao segundo turno se a eleição fosse hoje. O prefeito de Florianópolis Dário Berger, PMDB, ganharia esta condição com Ângela.
Nem tudo é defintivo. Ainda faltou o ingrediente DEM e o senador Raimundo Colombo; os voos de renovação de Hugo Biehl, no PP; bem como a propalada aliança PP e PT; além da reedição ou não da tríplice aliança PMDB, PSDB e DEM.
Entretanto, é uma sinalização para os colunistas catarinenses que vivem comentando o mesmo há meses. Ouvindo os de sempre. Eles circulam nos mesmos ambientes de Poder, ou de seus pretendentes. Têm as mesmas fontes (e há anos); ensaiam pouco fora do mesmo círculo.
E a pesquisa ouviu as ruas, os grotões e não apenas as fontes de Florianópolis ou da mesma listinha de telefones.
O PT já sabia que a senadora Ideli Salvati precisa se preocupar com os seus atos, atitudes e os resultados. A imagem de ativista pode servir melhor a quem pleiteia uma vaga no parlamento, mas não ao executivo. É histórico. E a senadora tem esse currículo, o que não invalida o seu senso e a disposição de guerreira. A saída da liderança do Governo Federal já é uma sinalização para esta mudança. Todavia, Ideli vive e quase não administra um instinto de provocar e até de se vingar – e comemorar. É um palanque ambulante. Adora e usa com habilidade microfone, fotógrafos e colunistas para atacar, propagandear e defender causas (justas e injustas).
As pedras do novo desafio para a senadora, a sua equipe e o PT já foram temas aqui no meu blog em 10.03.09 sob o título “Ideli e o Futuro”. Não vou ser repetitivo. Nada mudou. A pesquisa apenas confirmou a análise e mais cedo do que se previa. Era uma observação. Não sou bruxo. Na política, o imponderável deve ser considerado sempre, mas não improvável. Ele é algo da construção, da percepção, é previsível e possível.
Então: surpresas? Nem tanto. Contudo, a notícia pública não poderia ter vindo em momento pior: logo após a comemoração do aniversário da senadora onde se pretendeu dar contornos de campanha e se trouxe para o evento os presidente da Fiesc, da Facisc e da Fecomércio para alavancá-la institucionalmente. A dita credibilidade no meio motor da economia. Aliás, nos bastidores da festa, entre os íntimos da senadora, já circulava e se escondia, a notícia que sairia horas depois na Folha de S.Paulo e que não lhe favoreceria.
Há muito tempo para se mudar todos cenários. E política é fascinante por isso. Hoje, com as mídias e as informações em tempo real, os jogos mudam as massas em questão de poucos dias, de horas até. Então, há tempo. Muito tempo para se rever e se estruturar.
A senadora vai ter que escolher entre ser incendiária ou ser bombeira. Numa situação ela é autêntica e eficaz. Em outra, falta-lhe técnica, equipe e credibilidade. E talvez reside ai a vantagem de Ângela, se a opção do eleitorado for uma mulher. A reflexão agora é do PT, da senadora e da sua equipe. A reflexão também é para os que dominam os cenários, visíveis e invisíveis, deste jogo em busca do Poder.
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