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    "As obras do Ifet de Gaspar estão atrasadas em mais de nove meses para que nele os jovens possam se qualificar e estudar em 2010"
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    Álvaro de Campos

    Poema em Linha Reta

    Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo. Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel, Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado Para fora da possibilidade do soco; Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo. Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida... Quem me dera ouvir de alguém a voz humana Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia! Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam. Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? Ó principes, meus irmãos, Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo? Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra? Poderão as mulheres não os terem amado, Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca! E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído, Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear? Eu, que venho sido vil, literalmente vil, Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

    *Álvaro Campos é um dos heterônimos de poeta e escritor português Fernando Pessoa.

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Hospital é Inaugurado Hoje. Município não Libera Verbas.

A imponência da obra do "novo" e moderno Hospital de Gaspar e que consumiu mais de dois anos de trabalho e sob o descrédito de muitos, inclusive os médicos. Foto: Cruzeiro do Vale

Saiu a convocação para mais uma Sessão Extraordinária da Câmara de Vereadores para atender os interesses do Executivo. Ela acontecerá na Segunda-Feira, dia 21.12. E lá, quase como uma provocação, está a autorização para a liberação de verbas para diversas entidades de Gaspar e Brusque. Menos para o repasse mensal a partir de Janeiro para o novo Hospital. O Hospital será inaugurado neste Sábado, dia 19.12, à tarde, e o seu funcionamento com o atendimento ao público, precipitado do ponto de vista técnico e financeiro, está previsto para o dia 4 de Janeiro.

Na contramão, a prefeitura já anunciou o fechamento gradual do Centro de Atendimento de Risco (CAR) que faz o atendimento ambulatorial, mantido pelo Município, e que na campanha eleitoral, o atual prefeito Pedro Celso Zuchi e Mariluci Deschamps Rosa, ambos do PT, juraram que não fariam isso. Ao contrário, incrementariam.

O CAR atende a população no âmbito ambulatorial. O Hospital é dedicado aos atendimentos de urgência e emergências. A prefeitura com a atitude tomada, quer criar embaraços públicos e economia para si as custas da população. Quer “economizar” com aquilo que é obrigada a fazer para a população nos seus ambulatórios. Ao repassar ao Hospital, ela aumenta os desgastes, as filas e o tempo de atendimento prejudicando as urgências e emergências. O Hospital fica com a má imagem. O Hospital fica com o custo e a prefeitura evita discutir esses custos e cobri-los. Como antigamente, sucateia e compromete o funcionamento, a qualidade e a sustentabilidade econômica do Hospital. Acorda, Gaspar.

O fechamento do CAR está no press release que a área de Comunicação do Município soltou no dia 14 de Dezembro. Secretaria de Saúde: Centro de Acolhimento de Risco – CAR, 24 horas por dia até 4 de janeiro de 2010, com exceção nos dias 24 e 31 de dezembro de 2009 que atenderá até às 19h . Deduz-se na nota até, que o CAR nem reabrirá mais pois a escala é para os meses de Dezembro e Janeiro. E nada se fala sobre o que acontecerá a partir do dia 5 de Janeiro. É que na mesma nota, é esclarecido como funcionarão os outros setores do governo Zuchi no regime de plantão.

Para relembrar. Também na campanha eleitoral, Zuchi e Mariluci prometeram colocar no Hospital R$ 200 mil por mês e assimgarantir um atendimento mínimo de qualidade. No orçamento municipal de 2010, entretanto, repetiram a proposta do ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, PSB, de R$140 mil. Os vereadores a emendaram e aprovaram R$170 mil, valor que tinha sido negociado com a secretaria da Saúde e que não foi honrado na peça orçamentária original enviada à Câmara. Como se vê, a atual administração combina uma coisa e faz outra. É reincidente.

O secretário de Saúde, o advogado Francisco Hostins Júnior, contemporiza. Informou que tudo será resolvido em Janeiro quando a Câmara receberá a mensagem do Executivo para autorizar o pagamento daquilo que já está rubricado no orçamento. Se isto acontecer, o que é para ser liberado em Janeiro, para cobrir parte das despesas da reabertura e dos atendimentos de Janeiro, inclusive aquelas ambulatoriais oriundas do fechamento do CAR, pelo tramite legal e burocrático, só será possível em Fevereiro. É ai recomeça a novela do atraso, da enrolação e ficar de joelhos para aquilo que se combinou.

E a atual administração municipal é repetitiva neste assunto. Nas rádios diz coisas diferentes. A última vez que a prefeitura encaminhou à Câmara um pedido para a liberação urgente de recursos para o Hospital de Gaspar (vindos do governo Federal via o governo do Estado), o dinheiro dormiu nos cofres da prefeitura. Demorou 45 dias para aprovação da liberação. Pior, ao fim ainda virou um “checão”, entregue com fotos e pompas no Hospital, num constrangimento sem limites para os gestores, e que teve a participação do presidente da Câmara, José Hilário Melato. Repassaram os recursos como se aquele dinheiro da prefeitura fosse, em clara propaganda enganosa.Também era época de recesso na Câmara, como agora.

A Sessão Extraordinária da Câmara que o prefeito pediu para esta Segunda-Feira, dia 21.12 é para resolver assuntos como a contratação de novos comissionados e segundo o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público em Gaspar – Sintraspug – é feito ignorando os que foram aprovados no Concurso Público do edital 001/2009. A Sessão atende também, uma pressão por direitos e até exigência judicial (a linguagem que é entendida por enquanto), para rever valores e liberar recursos do Orçamento para a área social de crianças, adolecentes e idosos.

Com a Casa Lar Sementes do Amanhã, o prefeito e a sua secretaria de Desenvolvimento Social, do “verde quase vermelho” Ednei de Souza, todavia, até tentaram fazer o que fazem com o Hospital: enrolar. Uma decisão Judicial “cortou o barato”. Pelo menos é o que diz o Projeto de Lei 102/2009 que está na pauta da Extraordinária de Segunda-Feira.

A Casa Lar recebe R$47.326,81 para o abrigo de 23 crianças. Para o excedente de até cinco crianças, pagava-se R$1.473,00. Agora, por força de lei, vai se pagar R$2.022,55 por criança mensalmente. E é isto que os vereadores vão autorizar para o Executivo. No Projeto de Lei, o 104/2009, a Casa Lar vai receber outros R$ 23.466,65 de um convênio do governo do Estado, o qual repassará ao Município R$66.000,00 em sete parcelas em 2010 e que serão distribuídas entre várias entidades sociais.

Na mesma batida, o Projeto de Lei 105/2009, está autorizando o repasse de R$30.000,00 mensal para o Cegapan, uma espécie de Casa Lar, para o atendimento de 12 adolescentes masculino. O governo de Pedro Celso Zuchi e Mariluci Deschamps Rosa reclama dos valores que são obrigados a repassar para custear programas sociais de abrigo e recuperação social de crianças e adolescentes. É uma queixa antiga e reiterada. Sempre que podem, como fazem com o Hospital, tentam postegar esta obrigação ou diminuí-la. Estranho mesmo é que o secretário Ednei agora pactue deste tipo de ação, bem diferente quanto atuava no Fórum de Gaspar.

Os problemas sociais nesta área se agravam por vários fatores: a desestruturação familiar, a quebra de valores (ética, moral, respeito…), a falta de oportunidades, bem como o contato com as drogas, delitos ou crimes por parte dos pais dessas crianças e adolecentes. Também contribuem significativamente, a falta de qualidade de vida, os bolsões de miséria, alguns deles, fruto da permissiva política de ocupação dos governos municipais e a falta de uma política de segurança, educação, esportes e lazer integrados.

Finalizando. Já o Projeto de Lei 103/2009 autoriza o Município repassar até R$14.500,00 mensais para a Casa Geriátrica de Repouso de Brusque (?) a qual vai aumentar de seis para dez vagas a R$1.450,00 cada.