Foto do Cruzeiro do Vale e publicada no dia 19.05.09. Nela, os vereadores recebem a denúncia contra Adilson levada pelos representantes do Município.
Por oito votos a zero (Joceli Campos Lucinda, DEM, estava ausente; Rodrigo Boeing Althoff, PV, foi contra e se retirou), a Câmara de Vereadores de Gaspar decidiu na Quinta-Feira, dia 29, à noite, abrir uma CPI contra o ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, PSB. A iniciativa foi do vereador Antônio Carlos Dalsóchio, PT, e que é cunhado do atual prefeito Pedro Celso Zuchi, PT e membro da Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização, onde o assunto rola por meses.
A CPI vai apurar uma possivel irregularidade na contratação, superfaturamento ou na execução de serviços e obras pela empresa Salseiros, de Itajaí e o possível desvio recursos públicos pelo ex-prefeito. A empresa foi contratada sob o regime de emergência após a catástrofe ambiental de novembro passado.
Ontem a tarde (Sexta-Feira, dia 30), um novo fato. Os dois vereadores do PMDB, Raul e Kleber, em requerimento enviado à Câmara, retiraram a assinatura deles do pedido de constituição de CPI contra o Adilson. Não se sabe exatamente o que motivou a reavaliação para esta desistência. Outro que está prestes adesistir é Luiz Carlos Spengler Filho, o Lu, PP. A se confirmar, a metade dos vereadores já seriam contra. E o PT já está preocupado com a repercussão e os resultados dos fatos.
O caso da empresa Salseiros apareceu logo em Fevereiro na Câmara mas ficou de molho. Tem contornos de rixa política. Agora a bancada do PT resolveu usar a arma para três objetivos: desviar a atenção da população e da mídia paga para as questões do Tribunal de Justiça e Tribunal de Contas do Estado, as quais envolvem a atual administração (fechamento da Rua Cecilia Joanna Schneider Krauss, Cessão de servidor para o MPT em Blumenau, dúvidas do pregão que contratou serviços para a ExpoGaspar e Festinver etc); arrumar precedentes políticos para derrubar o parecer técnico do TCE que recomenda a aprovação de contas de 2008 do ex-prefeito pela Câmara e ao mesmo tempo, encurralar (e dar uma lição) ao ex-prefeito que segundo os petistas, estaria estimulando as denúncias nos tribunais (e obtendo êxito) contra a atual administração.
Resumindo: é uma briga do atraso, que não traz empregos, empresas, qualidade de vida, mais segurança, obras, mais creches, mais água, ruas calçadas (até patrocinaram o fechamento da Rua Cecilia Krauss), respeito pela legislação e não diminui as espertezas dos nossos políticos etc.
Pessoalmente, acho que o PT vai dar um tiro no próprio pé. Se não cuidar, os aloprados e maquiavélicos vão ainda rescussitar o próprio Adilson e que ainda anda meio sem rumo, sem discurso e sem projeto. Quer apostar? Mais: vão gastar dinheiro público escasso para fazer essa CPI, circo para a mídia, sabendo que ela tem tudo para dar em nada, a não ser palanque para o PT e se não cuidar, vai armar mesmo é o palanque do Adilson.
Em Maio, Adilson já havia dado um nó nos denunciantes. Ele levou à Câmara uma declaração do dono da Salseiros, Moacir José da Silva Filho, testemunha chave do denunciantes. No documento assinado pelo Moacir em cartório (ver abaixo) ele próprio desmentia a denúncia e dizia que houve armação. Houve um mal estar e um bate boca na época. Dai o silêncio esse tempo todo. Houve um prudente recuo. E eu mesmo, há pouco dias cobrei aqui uma decisão sobre o assunto na Comissão. Se voltaram ao caso é porque, penso, tem fatos novos, indícios contundentes e assim condições para colocar Adilson em apuros.
Veja a ata da Câmara que fez o PT recuar em Maio.
Ata da Sessão – 21/05/2009 – Ordinária
ATA DA 23ª REUNIÃO ORDINÁRIA NO 1º PERÍODO LEGISLATIVO
Realizada no dia 21 de Maio de 2009, às 18h.
16ª LEGISLATURA – 1º SESSÃO LEGISLATIVA.
Aos vinte e um dias do mês de maio do ano de dois mil e nove, às dezoito horas, na sala das Sessões, Edifício Alfredo Crescêncio Schneider, localizado na Avenida das Comunidades, nesta cidade de Gaspar, reuniram-se os Vereadores da Câmara Municipal em reunião Ordinária, conforme convocação em Ata da sessão anterior, sob a Presidência do Vereador José Hilário Melato, secretariado pelo Vereador Raul Schiller, presentes ainda os Vereadores Alfonso Bernardo Hostert, Antônio Carlos Dalsochio, Claudionor da Cruz Souza, Joceli Campos Lucinda, Jorge Luis Wiltuschnig, José Amarildo Rampelotti, Kleber Edson Wan-Dall e Luis Carlos Spengler Filho
Ofício, subscrito pelo Sr. Adilson Luis Schmitt, entregando declaração pública de MOACIR JOSÉ DA SILVA FILHO, que atesta a moralidade e legalidade de seus atos, na condição de prefeito municipal. Ainda, requerendo cópia da documentação enviada a essa Casa de Leis, noticiada no Jornal Cruzeiro do Vale, em que assevera na capa: “Ex Prefeito é acusado de desviar recursos públicos.” Destino: o Ofício, subscrito pelo Sr. Adilson Luis Schmitt, foi aos Arquivos da Casa, à disposição dos Senhores Vereadores, os quais já receberam a respectiva cópia, assim como as Assessorias e Procuradoria Jurídica. A declaração pública de Moacir José da Silva Filho deverá ser anexada aos autos referente ao Ofício Gab. N° 261/2009. Deferida a solicitação de cópia da documentação pertinente ao assunto (na data de 19/05/2009).
Então vamos à história para se entendê-la melhor.
Esta denúncia entrou na Câmara em Abril deste ano e foi encaminhada à Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização, a qual é constituída por: Claudionor de Souza Cruz, PSDB; Rodrigo Boeing Althoff, PV e Antônio Carlos Dalsóchio, PT.
Passados quase seis meses, o relatório final caminhava, para dois votos a favor pelo arquivamento e um voto pela abertura da CPI (o de Dalsóchio). E para se instalar uma CPI é preciso o aval desta comissão (é a admissibilidadedo relatório aprovado por maioria). Se Rodrigo não assinou e diz que não vai assinar, presume-se que Claudionor tenha assinado ou se comprometeu a assinar o relatório da CEFF.
Nesta Quinta-Feira à noite, após a Audiência Pública que discutiu a Lei do Orçamento Anual (LOA) a qual fixa às despesas e estima as receitas para 2.010 do Município de Gaspar, os vereadores se reuniram as pressas, pois havia um requerimento assinado pelos três vereadores do PT (Antônio Carlos Dalsóchio, José Amarildo Rampelotti e Jorge Luiz Wiltuschning). Faltava somente uma assinatura para propor uma CPI contra Adilson.
Iniciada a reunião pelo presidente José Hilário Melato, PP, os ânimos se alteraram. É que havia uma comissão (a de Economia, Finança e Fiscalização) que analisava o assunto e ela precisava ainda concluir os seus trabalhos. Antes do resultado dela, já se tinha um pedido para abrir uma CPI (dos vereadores do PT). O Vereador Rodrigo Boeing Althoff, membro da Comissão, foi por isso, terminantemente contra a abertura, sem antes a Comissão apresentar o seu relatório e por isso não a assinou o pedido de CPI.
Logo em seguida, Rodrigo se retirou da sala de reunião e por estar ausente no momento da votação, ele não deliberou sobre a criação de uma CPI do caso.
O Raul Schiller, PMDB, foi o primeiro a dar o voto que faltava para a abertura da CPI. Disse que queria que a CPI fosse aberta pois estava respondendo no Fórum e na Polícia Federal uma denúncia por compra de votos. O que uma coisa tem a ver com a outra? É que para Schiller, isso teria o dedo do pessoal do Adilson (ex-PMDB). E assim ele assinou, quase que como um ato de vingança. Porteira por onde passa um boi, passa uma boiada. E foi o que aconteceu.
E como a vaca já tinha ido para o brejo…, o Luiz Carlos Spengler Filho, o Lú, PP, disse que se era para investigar e trazer as pessoas para responder as perguntas, esclarecer, ele também estava de acordo. Por fim, os demais presentes: Kleber Edson Wan Dall, PMDB, José Hilário Melato, PP e Claudionor de Souza, PSDB, também assinaram. O vereador Joceli Campos Lucinda, DEM, não estava presente e no encontro de Sábado, dia 31, dos Democratas no Bom Jesus, assegurou a quem lhe questionava de que não assinaria tal pedido.
Pelo jeito a campanha eleitoral ainda não terminou. O que está em jogo além da briga entre a atual e a antiga administração municipal. É a suposta contratação duvidosa da empresa Salseiros Extração de Areias no período de 24/11/2.008 a 05/12/2.008 pelo município de Gaspar e pagos com recursos próprios (Município), bem como os demais valores de 05/12/2.008 a 30/12/2.008, pagos então pelo Fundo Estadual de Defesa Civil.
A contratação desta empresa de Itajaí, segundo o ex-prefeito fez divulgar na imprensa quando surgiu a dúvida e a ameaça de CPI, baseou-se em dois decretos que assinou: o 3.025 (o de Calamidade Pública) e o 3.026 (que criou o Crédito Extraordinário), ambos de 2008, editados no dia 24 de Novembro e publicados no Diário Oficial dos Municípios, aquele que se esconde na internet, no dia três de Dezembro de 2008. Somam-se a eles, o Extrato de Dispensa de Licitação 126/2008, do dia 15 de Dezembro, que elenca várias empresas, entre elas a Moacir José da Silva ME (Salseiros) com R$135.960,00 e publicado no Diário Oficial do dia sete de janeiro de 2009.
Na verdade, os vereadores cometeram um erro estratétigo. Eles cozinharam o assunto para encontrar uma saída capaz de requentá-la e assim alcançar Adilson sem chances de defesa. Enquanto isso, ele permanecia quieto e temeroso sobre o caso e aguardava o álibi que precisava. E neste mês, noticiado aqui, o Tribunal de Contas deu esse álibi. Aprovou as contas dele de 2008. E lá parece que não consta nenhuma ressalva sobre este assunto. Tecnicamente parece estar correto no que fez.
Como a aprovação das contas é uma recomendação técnica para a aprovação na Câmara, politicamente o PT criou um fato novo para protelá-la. E como o ex-prefeito não tem ninguém que o proteja na Câmara, vai ter que rebolar no campo jurídico que conspira a seu favor. E se manobrar direito, sai dessa mais uma vez e por cima. Ontem, Sexta-Feira, falei, com um vereador(que me pediu para não identificá-lo) sobre este assunto. Ele também está procupado. Acha a Câmara pode ter engolido a isca errada lançada pelo PT e estar assim, armando sem querer a inocência pública do Adilson. Com mais esse atestado, não seria bom para a política de Gaspar, segundo ele.
Veja a declaração do dono da Salseiros se desmentido, mentindo para proteger Adilson e seu negócio, ou desmentido os autores da CPI. Antes, todavia, veja um trecho de uma reportagem do jornal Cruzeiro do Vale sobre o assunto no dia 22 de maio deste ano.
Na Declaração, o empresário alega que prestou os serviços e que assinou a declaração apresentada pela Prefeitura após ser coagido pelo secretário de Administração e Finanças, Evandro Muller, no dia 6 de fevereiro. Segundo a Declaração, o empresário esteve na cidade nesta data para receber o pagamento por serviços prestados em janeiro deste ano e o secretário teria o orientado a assinar o documento para poder receber o pagamento. Diz a Declaração: “Este documento estava pronto e em papel timbrado da Prefeitura Municipal de Gaspar. Após ler o teor deste documento, questionei os fatos ali relatados pois não correspondiam a verdade, porém, o mesmo senhor Evandro Muller me garantiu que não haveria problema algum em assiná-lo”.
O secretário de Administração e Finanças alega que a Declaração Pública do empresário não é verídica e que prova dos fatos é que ele só iniciou seus trabalhos na Secretaria no dia 10 de fevereiro. Antes atuava como servidor público da Prefeitura de Blumenau. E é verdade. Muller ainda não tinha sido nomeado oficialmente, mas atuava como tal.
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